“Agora que entendi política, acho horrível”, diz Selton Mello sobre série inspirada na Lava Jato

  • Por Jovem Pan
  • 22/03/2018 11h58
Johnny Drum/Jovem Pan

Nesta sexta-feira (23) estreia uma das produções originais mais aguardadas da Netflix – pelo menos entre o público brasileiro. Trata-se de O Mecanismo, seriado criado por José Padilha (responsável pelos filmes Ônibus 174, Estamira e Tropa de Elite e pela série Narcos) e Elena Soárez (de Cidade dos Homens, Xingu e Casa de Areia) cuja trama será, segundo a sinopse, inspirada no trabalho dos investigadores “em um dos maiores escândalos de corrupção de todos os tempos”. Embora o nome não seja citado, fica clara a alusão à Operação Lava Jato. Na história, Selton Mello vive o delegado Marco Ruffo, um dos protagonistas. O que é uma novidade para ele, já que nunca foi verdadeiramente interessado por política.

“Esse foi um dos motivos para eu aceitar o papel. Entendi que eu podia fazer um trabalho incrível e ao mesmo tempo ter a possibilidade de um crescimento pessoal ao ler e entender mais. Nunca fui ligado à política, nunca li sobre. Sempre achei que era ‘coisa de adulto’ (risos). Agora fui entender e vi que é horrível. Continuo achando uma m****. Uma grande sujeira. Essa corrupção é um absurdo. É muito bom poder falar sobre isso”, contou em entrevista ao Morning Show.

Ele esteve na bancada acompanhado de Carol Abras, atriz conhecida por ter atuado nas novelas globais Avenida Brasil e I Love Paraisópolis que será responsável pela outra protagonista. Ela interpreta Verena Cardoni, delegada aprendiz do personagem do colega definida por ela mesma como “uma liderança feminina forte”. Durante a conversa, a convidada revelou que houve um momento de dúvida quando recebeu o convite para a série, pois teve medo de se envolver em uma obra que retrata um caso real ainda sem muitas conclusões.

“Eu pensava: ‘será que me meto nisso?’ Mas vi que tinha profissionais incríveis envolvidos no projeto. Tem artistas com quem já trabalhamos, uma roteirista de altíssimo nível, um super diretor, ótimos fotógrafos. Uma equipe muito bacana. E nossa contribuição é artística. Olhamos para a obra com um olhar ficcional. O foco está nos personagens e no processo criativo. É complicado falar sobre algo que está correndo atualmente, mas a gente se apega no ficcional”, explicou.

Sobre o assunto, Selton foi além. Para ele, a operação policial em questão é apenas um pano de fundo para o restante da história. As relações humanas entre os personagens, os dilemas familiares, as pressões no ambiente de trabalho e a corrupção como um problema estrutural, e não como resultado de um partido X ou Y, são até mais importantes para o geral da trama. .

E sabe qual eles acham que será a repercussão do trabalho? Até o momento, não tem a menor ideia. “Estamos concentrados no nosso lance. Não sei o que vai acontecer. Não sei o que vão achar, nunca sabemos isso. Em relação a uma suposta polarização também não sei. Só ando com o pensamento de que talvez a série possa ajudar com alguma reflexão. Espero que cumpra esse papel de fazer as pessoas olharem e pensarem”, afirmou o ator.

“Retratamos personagens, eles tem falhas e camadas, são ricos. Estão no limite ético e moral. Todos eles. Por isso não corremos lado a lado com o real. É só inspirado (…). Mostramos a corrupção como um hábito comum a todos. Desde o pequeno delito aos grandes escândalos políticos. Em dramaturgia, ao contar história, precisamos centralizar. Não dá para ter fidelidade com o real, onde existem tantos personagens. Não vai rolar isso de colar figurinha e entender quem é quem”, ressaltou Carol. “É bem José Padilha style”, brincou Selton por fim.

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